Acho que todos já se pegaram
prevendo o final de uma novela: “É sempre
a mesma coisa, casamento, morte, gravidez!”
Foi bem assim que eu me senti
quando comecei a ler Fifty Shades of
Grey.
Já li muito romance de banca de revista (coleções Sabrina, Júlia, Bianca, Maria, Joana, Emengarda, etc.) e
o enredo de E.L. James é bem
parecido com todos eles.
A receita é simples:
1 mocinha ingênua sempre mais
nova que o mocinho.
1 mocinho com uma infância
difícil que o leva a ter problemas de a)
compromisso b) intimidade ou c) os dois juntos com algo mais.
Modo de preparo:
Misture tudo com uma pitada de
erotismo e uma boa dose de mal
entendidos.
Et voilá! Seu romance água com açúcar está pronto!
Anastasia é uma garota muito inocente, que acaba se apaixonando pelo
tudo de bom e problemático Christian Grey.
O cara tem uma história de vida bem sinistra e isso faz com que ele abomine
contato físico. Assim que li isso lembrei logo de Agora e Sempre, de Judith
McNaught. Jason sofreu abuso quando criança e não gosta de ser tocado, até
que Victoria aparece em sua vida e
consegue acabar com seu trauma.
Mesmo encontrando essa BIG semelhança logo no começo, fiquei
esperando algo que me surpreendesse, afinal de contas são 3 livros. Seria
preciso muita enrolação pra encher todos os 3 só com esse enredo que eu
mencionei. No fim do segundo livro eu descobri que não teria nada demais. Sequestro, ciúmes, te-quero-não-te-quero-mais-te-quero-de-novo,
mais ciúmes, ceninhas bonitas e sexo. Muuuuuito sexo. Esse último é a única
coisa que Fifty trás de diferente.
Não que nos outros não tenha, mas é sempre no estilo ‘baunilha’, como o próprio Grey chama o sexo mais light, com amor e
carinho. Porém, na trilogia rola um pouco de BDSM.
Ok, não é um pouco, é um muito,
mas vai diminuindo e dando lugar ao estilo baunilha
na medida em que ele vai se apaixonando.
No geral, eu curti o livro. Se
eu já li as Sabrinas e Júlias da vida, não tinha como não
gostar. Meu desgosto ficou mais pela protagonista, que consegue ser bem mais
retardada do que as outras. Entendo que o primeiro cara dela seja to die for, deixa ela no céu e ela está head over hills por ele, mas vamos ter
mais autocontrole, neah? Ele consegue ser um escroto com ela as vezes e deixa
ela puta de raiva, mas basta ele olhar pra ela e pronto, ela esquece de tudo e
em 30 segundos já está despida e arfando. As outras pelo menos respondem a
altura e rejeitam o bulling
ocasional.
O que dizer mais? A tradução para
o português não está das melhores. As partes que eu vi ficaram muito castas ou
muito toscas. Ninguém quer saborear um romance erótico e ler isso:
“— Agora vou fodê-la, senhorita Steele... — murmura colocando a ponta
de seu membro ereto na entrada de meu sexo — Duro, — ele sussurra e me penetra
bruscamente.”
É simplesmente brochante!
Para quem gosta das coisas mais kinkies, pode usar o livro pra se
inspirar, rsrs. Porém eu sugiro que antes de começar a leitura, façam uma pesquisa
sobre dominação e artefatos usados em sessões de sadomasoquismo. Vai ajudar na hora de visualizar o ‘red room of pain’.
Minha versão da trilogia veio nesse box lindinho aqui:
Quanto a criação do filme, a
Universal e a Focus Features já escolheram roteirista e produtores. Vejam mais
informações aqui.